Enchentes RS 2024

Seis meses após as devastadoras enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, cerca de 1.800 pessoas ainda se encontram em abrigos provisórios, aguardando por soluções definitivas que tardam a chegar.

Em Encantado, no Vale do Taquari, Fabiana de Paula, que perdeu sua residência nas enchentes de setembro de 2023 e novamente em maio de 2024, expressa o cansaço e a frustração de viver em um abrigo superlotado: “É tanto tempo que a gente está aqui… É calor, ninguém respeita mais ninguém, todo mundo com [os nervos] à flor da pele. É bem cansativo”.

O governo federal anunciou um investimento de R$ 2 bilhões para a aquisição de 10 mil residências destinadas aos afetados pelas enchentes, enquanto o governo estadual prometeu R$ 66,7 milhões em moradias. Contudo, até o momento, apenas 212 casas temporárias foram entregues, evidenciando a morosidade na implementação das medidas prometidas.

A situação de Bruna Vitória de Oliveira, que deu à luz enquanto estava em um abrigo e agora reside em uma casa temporária em Cruzeiro do Sul, ilustra a precariedade das soluções provisórias: “É muito melhor que estar dentro de um ginásio. A gente agradece por ter um cantinho, ter a privacidade, mas a gente também reza para ter a nossa casa de volta”.

Especialistas alertam que a falta de políticas públicas eficazes e a negligência em relação aos alertas científicos sobre eventos climáticos extremos contribuem para a recorrência de tragédias como essa. A jornalista Giovana Girardi destaca que ignorar a ciência e mutilar políticas que poderiam ajudar a lidar com a crise climática levou à tragédia no Rio Grande do Sul.

Além disso, um estudo de 2015, conhecido como “Brasil 2040”, já alertava para os riscos de enchentes no estado, mas as recomendações foram ignoradas pelas autoridades.

A demora na realocação definitiva das famílias afetadas não apenas prolonga o sofrimento dos desabrigados, mas também evidencia a necessidade urgente de uma gestão de crise mais eficiente e de investimentos em infraestrutura resiliente. Sem ações concretas e planejamento adequado, o estado permanece vulnerável a futuras catástrofes climáticas, colocando em risco a vida e o bem-estar de milhares de cidadãos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *