Enquanto líderes globais e especialistas se reuniam na COP29, em Baku, no Azerbaijão, para discutir estratégias de combate às mudanças climáticas, os satélites de observação da Terra ganharam destaque como ferramentas indispensáveis. Em um contexto onde os níveis recordes de gases de efeito estufa e eventos climáticos extremos exigem ações urgentes, os dados gerados do espaço oferecem insights valiosos para mitigação e adaptação.
Dados do Espaço Guiando Decisões na Terra
Os satélites Copernicus Sentinel, com sua capacidade de coletar 30 terabytes de dados abertos por dia, estão revolucionando o monitoramento ambiental. Durante a conferência, Frank-Martin Seifert, da Agência Espacial Europeia (ESA), destacou como essas missões têm apoiado governos em iniciativas como o combate ao desmatamento tropical. Graças ao radar do Sentinel-1, mesmo regiões cobertas por nuvens podem ser monitoradas em tempo quase real, permitindo ações precisas contra degradações ambientais.
Nos oceanos, os dados revelaram uma tendência alarmante: o nível médio global do mar está subindo 3,7 mm por ano, com uma aceleração recente para 4,8 mm anuais. Esses registros, baseados em mais de 30 anos de observação, são essenciais para proteger comunidades costeiras e planejar infraestruturas resilientes.
Quando a Crise Bate à Porta
A Carta Internacional sobre Espaço e Grandes Desastres, uma colaboração de 17 agências espaciais, já foi ativada mais de 900 vezes em 161 países desde 2020. Ela oferece dados de satélites para auxiliar na resposta a desastres naturais, como inundações e tempestades. Durante a COP29, foi apresentado como essa iniciativa está ajudando a salvar vidas, mapeando áreas afetadas e fornecendo suporte em emergências.
No Brasil, por exemplo, dados de radar do Sentinel-1 foram usados para mapear enchentes no oeste do país, fornecendo informações cruciais às equipes de resgate.
Ciência em Ação
No pavilhão “Ciência para Ação Climática”, Clement Albergel, também da ESA, abordou a importância de enfrentar a tripla crise planetária: mudanças climáticas, poluição e perda de biodiversidade. Ele destacou como os satélites estão ajudando a monitorar variáveis climáticas essenciais, como temperaturas de superfície e uso do solo, e sugeriu que esses dados sejam mais amplamente integrados em políticas públicas.
Albergel também demonstrou o potencial de soluções urbanas baseadas em dados, como o monitoramento de ondas de calor e a avaliação de impactos de infraestrutura verde. Essas informações são essenciais para o planejamento de cidades mais resilientes e sustentáveis.
Um Olhar para o Futuro
Embora os avanços sejam promissores, ainda há muito a ser feito. A ESA e outras organizações estão desenvolvendo novos satélites e registros que ampliarão o monitoramento climático, com lançamentos planejados até 2027. A urgência da ação climática foi reforçada durante os diálogos da COP29, que estabeleceram as bases para acelerar esforços de mitigação e adaptação.
Com as mudanças climáticas se intensificando, a colaboração entre ciência, tecnologia e políticas públicas será vital. Os satélites, como olhos atentos no espaço, continuarão sendo aliados cruciais para ajudar a humanidade a enfrentar os desafios do planeta Terra.
Fonte: https://climate.esa.int/en/news-events/Earth-Observations-underpin-climate-action-at-COP29/